O coletivo começa no indivíduo
Pandemia alterou a relação do munícipe com a cidade, mas ações para melhorar a qualidade de vida permanecem ativas graças à tecnologia
Uma das principais mudanças promovidas pela democratização da tecnologia foi a percepção de que não apenas podemos mudar as coisas, mas que elas não vão mudar a não ser pela mão de cada um de nós. Conectadas, as pessoas deixam de ser massas desconhecidas e tomam as rédeas do bem comum, seja de maneira individual ou em grupos que vão encontrando afinidades. Com esse propósito, o Pro Coletivo nasceu na cidade de São Paulo, a partir da percepção de suas fundadoras, de que o trânsito de uma grande cidade é feito dos próprios indivíduos: “reclamamos, mas somos parte importante dele”, diz o manifesto do grupo que se propõe a estimular, conscientizar e facilitar ao cidadão o uso do transporte coletivo, bicicleta e pedestrianismo.
Há alguns anos, a jornalista Chantal Brissac deixou para trás a rotina de motorista solitária encaixada no quebra-cabeças do congestionamento, e encarou os pontos de ônibus com coragem e determinação. Depois de dominar os percursos e perceber que ganhara em tempo, dinheiro e, sobretudo, sanidade mental, resolveu estender o aprendizado para outros munícipes que tivessem qualquer ressalva com as ruas ou o transporte público.
Nascia o projeto Bus Anjo, uma espécie de coaching voluntário para os munícipes que encontram dificuldade de deixar o carro e abraçar a cidade com tudo o que ela tem para oferecer. A iniciativa veio na mesma onda do similar Bike Anjo, uma rede de voluntários que compartilha com o munícipe as informações necessárias para se virar nas ruas sobre a magrela. Os problemas podem variar entre destreza com as plataformas digitais de mapeamento, pontos de parada, sistemas de compra de cartão de transporte, itinerários e dicas de segurança, ou então outras questões individuais, como acessibilidade por exemplo.
Para ganhar a assistência do programa Bus Anjo, é preciso acessar o site do Pro Coletivo e preencher um formulário com informações básicas, e outras que o munícipe pode detalhar.
E então, a pandemia…
Recolhidos dentro de casa, ou timidamente retomando as ruas, os munícipes que veem no transporte público uma opção viável, sustentável e solidária – e não uma necessidade sem alternativa – voltaram a ter ressalvas com as opções coletivas. “O Bus Anjo, nessa fase pandêmica, está inativo, porque houve uma redução – natural, em função do isolamento social – de pessoas interessadas em contar com esse serviço gratuito”, explica Chantal Brissac.
Desde o início do isolamento, o programa manteve o serviço de consultas, por e-mail ou WhatsApp, sobre trajetos, itinerários de ônibus e metrô e outras informações, tendo em conta os dois pontos (origem e destino) dos requerentes.
Durante a lenta e cautelosa reabertura dos espaços públicos, o Pro Coletivo vem se dedicando a projetos ligados a essa nova ocupação, como a seção Vida de Bike, criada em parceria com o Bike Anjo, na qual se pode encontrar serviços, histórias, informações, ou ainda aquela inspiração que faltava para associar o prazer de pedalar à necessidade de se locomover nas cidades de maneira mais saudável, consciente e cuidadosa.
Tecnologia sim, mas sem jamais perder de vista o indivíduo
Em total sintonia com a vida urbana, o Pro Coletivo é uma das iniciativas que o app QZela apoia e incentiva, por trabalhar a mobilidade com foco no indivíduo, no meio ambiente e na responsabilidade social. \ É esta a visão de QZela, que permite ao munícipe relatar todo tipo de problema de zeladoria urbana em tempo real, gerando o maior banco de dados georreferenciado e com credibilidade atestada por inteligência artificial.
Se, no passado, o procedimento comum era fazer uma longa chamada telefônica sem garantia, ou esperar até o poder público se sensibilizar para resolver um buraco na rua, uma luz apagada, vazamentos ou falhas na sinalização, hoje podemos apontar esses problemas em menos de vinte segundos pelo próprio celular. \ Assim como o Pro Coletivo, a proposta de QZela é que, ao utilizar tecnologia e comunicação para unir pessoas com demandas variadas que convergem em interesses comuns, é possível melhorar a cidade, colaborar para a gestão municipal e, por consequência, melhorar a qualidade de vida.